Estamos prestes a completar nosso primeiro ano aqui em Portugal e sem a menor dúvida o assunto mais difícil e complicado pra mim nessa mudança foi: viajar com cachorro.

Sim, eu sei que todos os dias muitas pessoas voam pelo mundo com seus pets e que isso é uma coisa normal, mas para nós pais/donos não é algo tão simples assim, muitos medos e dúvidas passam pela nossa cabeça na hora de viajar com nosso melhor amigo e você, meu querido leitor(a), não está sozinho nessa, por isso hoje eu vim falar um pouco sobre a minha experiência e dar algumas dicas preciosas que eu aprendi na vinda para Portugal com meu filho Fred e também trocando figurinhas com outras pessoas que já passaram por isso.

Caixa de transporte

Em meio a toda correria com a papelada para mudar uma das coisas decisivas da viagem acaba por não ser uma grande preocupação durante o processo pois muitas pessoas – assim como eu – preferem comprá-la mais próximo da data do embarque já que são grandes e podem ser um transtorno em meio a tudo. Mas não podemos deixar de ressaltar a importância de encontrar uma caixa de transporte boa e segura, teste mil vezes, pesquise se o modelo está de acordo com as especificações da IATA e claro, vale lembrar que esse não é o momento de economizar, as caixas não são baratas mas são de longe a coisa que mais vai garantir a segurança do seu bichinho. Não esquecendo também que a caixa deve ter tamanho suficiente para que o animal fique em pé e consiga dar uma volta 360 graus sem problema algum, para o Fred a caixa escolhida foi essa aqui e para o tamanho dele a 3 ficou ótima. Para os animais que vão na cabine você deve checar o tamanho máximo de acordo com a cia aérea que você escolheu para viagem, visto que o animal vai embaixo da poltrona do passageiro da frente o tamanho pode variar entre as cias aéreas.

Também é muito importante fazer a adaptação do animal da caixa, para isso eu aconselho que você a compre com pelo menos 3 semanas de antecedência e dê uma certa atenção para que ele se adapte e se sinta seguro na caixa. Dicas de adaptação:

  • Coloque ele na caixa em diversos e diferentes momentos do dia e o recompense com biscoitos e carinho quando ele entrar.
  • Deixe ele por diferentes períodos na caixa, eu aconselho deixá-lo sozinho por alguns momentos e também deixar ele dormir na caixa e sempre o recompense por isso.
  • Não tire o animal da caixa se ele estiver latindo ou demonstrando comportamento agitado, sim eu sei que é doloroso os ver em situações que não estão felizes e que o latido pode nos incomodar bastante mas se você o tira nesses momentos (mesmo que brigando com ele) você está mostrando pra ele que aquele comportamento o faz sair daquela situação e assim que ele vai agir sempre que quiser sair.
  • Dê algumas (ou todas) as refeições dele dentro da caixa para que ele perceba que sempre que ele entra e fica lá algo bom acontece.

A tranquilidade e conforto

Eu considero muito importante tentar oferecer o máximo de conforto possível, principalmente se seu animal vai no porão, segui algumas dicas que foram fundamentais para o bem-estar do Fred e vou falar para vocês:

  • Coloque uma roupa sua (e de outras pessoas que convivem com o animal, que ele confia) usada – de preferência suada ou usada por alguns dias – na caixa no dia da viagem, os animais nos identificam pelo cheiro, fazendo isso o seu cheiro vai estar com ele durante toda viagem e assim ele não vai se sentir num local estranho e nem vai se sentir sozinho.
  • Como a caixa é dura eu coloquei na caixa do Fred um tapete fofinho de banheiro tipo esse e por cima um tapete higiênico para caso ele fizesse xixi não ficasse molhado. Também coloquei uma almofada que ele costumava deitar no sofá (tinha o cheirinho dele e da nossa casa) e um lençol para que ficasse ainda mais aconchegante, também deixei que ele colocasse alguns brinquedos na caixa pois a minha cia aérea (TAP) permitia. NOTA: é muito importante que você conheça o seu animal, o Fred não costuma morder/roer/comer nada, então pude colocar tudo de maneira tranquila pois sabia que ele não tinha o perigo de se engasgar com nada, se seu animal costuma comer as coisas, pense bem no que pode ser colocado na caixa.
  • Para cães que sentem muito frio eu aconselho colocar uma roupa leve, já que eles vem num clima muito parecido com o da cabine os mais friorentos podem sentir frio, mas isso claro, se seu animal já está acostumado com a roupa e não costuma tentar tirar ou comer. Vale o bom senso a mesma nota do tópico anterior.

Devo dar comida e água?

Essa é outra questão que sempre vejo todos comentando é se podem/devem alimentar e dar água para seus animais que vão no porão. Isso depende também das exigências da sua cia aérea, pelo que me informaram na TAP na época da viagem era tudo uma opção do dono. Como eu fiz com o Fred: uns dois meses antes da viagem eu mudei a rotina de alimentação dele de 2 para 1 vez ao dia, sim eu sei que não é o ideal, mas assim ele já estaria acostumado e não se sentiria mal por tantas horas sem comer. No dia da viagem (nosso voo partia às 22h) alimentei ele às 15h que foi tempo mais do que suficiente para que ele pudesse digerir e fazer suas necessidades antes de embarcar (lembro que entreguei ele pouco antes das 21h na última chama como a TAP me orientou que poderíamos fazer) e coloquei apenas água na caixa dele que já tinha com o bebedouro na grade da porta de maneira que não era necessário abrir a caixa pra colocar água.

Segurança

Acho que essa é a maior questão de todo mundo, para os que vão com os pets junto consigo na cabine pode não ser lá uma questão tão relevante, mas para aqueles que como eu precisam mandar seus bichinhos no porão isso pode tirar muitas noites de sono e comigo foi exatamente assim. Eu só conseguia pensar nisso dia e noite. Depois de pesquisar muito eu tomei algumas medidas:

  • Lacrar a caixa de transporte: pra mim isso é fundamental, eu sei que a maioria das caixas tem trava e que muito provavelmente (se seu voo for direto) não vão precisar abrir a caixa pra nada, mas e se por um descuido a porta abrir? Eu pensava muito nisso, até nas possibilidades mais ilusórias como algum funcionários abrir pra fazer carinho e não fechar direito, por isso eu optei por lacrar a caixa com abraçadeiras (popularmente chamados como enforca gato) que é algo impossível de abrir mas numa situação de emergência pode ser removido sem grandes complicações.
  • Outra coisa que eu fiz foi mandar o Fred com sua coleira a plaquinha de identificação brasileira, também colei na caixa dele um papel dizendo de onde saímos e nosso destino final, nosso nome e contatos e lista de documentos que tínhamos dele e depois vi uma coisa super legal de se fazer, uma etiqueta com essas mesmas informações para colocar na coleira.

Como vai o animal no porão

Assim que entrei no avião já perguntei para aeromoça sobre o Fred, ela então depois que o avião decolou foi até mim e me explicou que quando tem algum tipo de carga especial (sim, eles são entregues como carga especial) o piloto recebe um documento com todas as especificações do que está levando (pode ser um instrumento musical, frutas, bebidas etc) pois cada um tem que ficar climatizado a uma temperatura X. Se por algum momento passou pela sua cabeça que ele ia junto as malas, eu venho aqui lhe acalmar: não vão. As malas chegam a ficar a 50 graus negativos durante o voo e claro que nenhum animal resistiria a isso, por isso existe um compartimento ao lado que é climatizado e pressurizado como a cabine onde eles vão tranquilos e seguros.

  • Também vejo muitos questionamentos sobre calmante, o que os veterinários me disseram foi que não aconselham por alguns fatores: é um ambiente novo e sem nenhum profissional por perto caso eles tenham algum tipo de reação (aos que vão no porão pior ainda pois além disso, se estiverem sonolentos ou dormindo e tiver uma turbulência um pouco mais forte ele pode não conseguir se manter firme e assim pode se bater contra as paredes da caixa e vir a se machucar) e por isso a sedação só deve ser feita como último recurso. Um conselho que eu sou além da adaptação na caixa e todas as outras dicas nesse sentido, é tentar florais, pro Fred funciona bastante.

Ufa! Acho que é isso, essas foram minhas principais questões ao viajar com o Fred pra cá, e pra você que está passando por tudo isso, tenha calma! Por mais difícil que seja (e eu sei bem como é difícil), tente ficar tranquilo pois quanto mais agitados e inseguros nós ficamos mais assustados eles ficam, afinal eles nos conhecem melhor que ninguém e foca no mantra: vai dar tudo certo!

Espero ter ajudado dando dicas e falando um pouco sobre a minha experiência, se você tem dúvida sobre o processo de trazer eles e adaptação aqui eu tenho outros dois textos sobre o assunto, são eles:

Como viajar com seu pet para a Europa: o caso do Fred.

Como foi a adaptação do Fred em Portugal.